terça-feira, 24 de agosto de 2010

Painel Colesterol 1



O que é colesterol?

Essa molécula trata-se de um álcool ligado a um éster, por isso chamada de esterol, que possui uma cabeça polar (representada em vermelho na figura 1) e um corpo hidrocarbônico, conferindo-lhe característica anfipática.

Quais são as origens do colesterol?

Nós podemos obter o colesterol a partir de duas maneiras: a primeira é a partir de sua síntese, feita pelo próprio organismo e equivalente a cerca de 80% de todo o colesterol do nosso corpo; e a segunda maneira é por meio da alimentação. Algumas das fontes exógenas de colesterol são a gema de ovo, carne e seus derivados, peixes, leite e seus derivados, sendo que o bife de fígado é uma das maiores fontes de colesterol (mostrado na figura 3).

Suas principais funções e efeitos no organismo

O colesterol é um composto de extrema importância para o nosso organismo e sem esse, diversas funções vitais estariam comprometidas. Abaixo, explicaremos as principais funções do colesterol.

- Constituintes da membrana plasmática: O colesterol está intercalado aos lipídeos anfipáticos da bicamada lipídica - como pode ser visto na figura 4- parte da membrana plasmática que permite a livre difusão de moléculas apolares, mas é essencialmente impermeável a compostos polares, com exceção da água. O colesterol é um importante constituinte da membrana, por que ele impede a interação das cadeias de hidrocarbonetos, o que garante a rigidez periférica da membrana. Tal característica é perdida em condições patológicas como o alcoolismo crônico, onde há um aumento do teor de colesterol da membrana plasmática das hemácias, aumentando a viscosidade da membrana. Estas células,que possuem a membrana viscosa, adquirem então uma forma anormal, sendo, portanto, destruídas prematuramente pelo baço e levando a um estado de anemia.

- Formação da bile: Os ácidos biliares são sintetizadas no fígado a partir de colesterol, através de reações que consomem NADPH, O2, acetil-CoA e ATP. Esses ácidos são desprotonados e armazenados na vesícula da Bile, passando a se chamar sais biliares. A bile tem a função de emulsificar e solubilizar lipídeos e vitaminas lipossolúveis, facilitando sua absorção. Se a secreção de sais biliares for prejudicada, uma maior quantidade de colesterol, além do que pode ser solubilizado, ficará retido na vesícula biliar e formará pedras de colesterol, chamadas de Coletíase.

-Precursor de hormônios esteróides: Primeiramente,como mostra a figura 5, o colesterol é convertido em pregnenolona, utilizando-se de NADPH e O2. A pregnenolona é precursora de todos os hormônios esteróides, e na seguinte reação ela é oxidada e isomerizada, formando progesterona. Esse hormônio é posteriormente modificado e origina outros hormônios sexuais e também os corticoesteróides, que regulam o metabolismo de carboidratos e proteínas.

-Auxiliador no funcionamento do sistema nervoso – bainha de mielina: Cerca de 20% da Bainha de mielina que reveste nossos axônios é constituída de colesterol.

-Estabilidade emocional: Os nossos hormônios do estresse são feitos de colesterol. Por isso em situações estressantes nossos níveis de colesterol no sangue aumentam, já que o colesterol está sendo enviado às glândulas supra-renais para produzir os hormônios do estresse.

-Síntese de vitamina D A síntese de vitamina D ocorre na pele na presença de luz solar, e é somente dependente dos raios UVB (raios que também causam câncer de pele). A vitamina D, que tem o colesterol como precursor, exerce uma função importante no controle do metabolismo do cálcio e do fósforo. Síntese: O colesterol se converte em 7-desidrocolesterol e é fotolisado pela luz ultravioleta originando previtamina D3, que se isomeriza espontaneamente em vitamina D3 (colecalciferol). O colecalciferol se converte em calcitriol (1,25-diidroxicolecalciferol), o hormônio ativo, por reações de hidroxilação no fígado e nos rins. Embora a vitamina D não seja um esteróide, ela se comporta de maneira análoga a eles, ligando-se a um receptor similar aos receptores dos esteróides e formando um complexo que funciona como um fator de transcrição, regulando a expressão de genes.

Biossíntese de Colesterol

A síntese do colesterol ocorre principalmente no fígado e tem como agente redutor o NADPH e como molécula precursora o acetil-CoA. As etapas da síntese são:
1. Condensação de duas moléculas de acetil-CoA produzindo acetoacetil que se condensa com outra molécula de acetil-CoA formando 3-hirdoxi-3metilglutaratil-CoA (HMG-CoA)

2. A HMG-CoA é reduzida a mevalonato à custa de 2 NADPH; A HMG-CoA redutase que catalisa a reação está ligada ao reticulo endoplasmático liso e é o principal ponto de regulação do metabolismo do coleterol.

-O mevalonato sofre duas fosforilações e uma descarboxilação originando o isopentenil pirofosfato. As fosforilações consomem 3 ATP. A molécula formada é o primeiro isopreno ativado. O isopentenil pirofosfato sofre isomerização formando o segundo isopreno ativado o diimetelalil pirofosfato.

3. Os dois isoprenos ativados sofrem condensação “cabeça com cauda” deslocando o pirofosfato. O geranil pirofosfato é formado através dessa reação e é composto por 10 carbonos.

4. O geranil pirofosfato sofre outra condensação como isopentenil pirofosfato formando agora farnesil pirofosfato que possui 15 carbonos.

5. A condensação de duas moléculas de farnesil pirofosfato libera duas moléculas de pirofosfato e forma o esqualeno, o último composto linear da via.

6. Na etapa final ocorre a ciclização do esqualeno formando primeiramente o lenoesterol que é convertido finalmente em colesterol, por uma série de aproximadamente 20 reações. Essa última etapa ainda não é muito conhecida.

* A regualçao da via feita na reação catalisada pela HMG-CoA redutase. A regulação pode ser feita por transcrição de gene, que diminui quando tem muito colesterol, ou por fosforilação e desfosforilação. Quando fosforolilada a enzima estará inativa e quando desfosforilada ativa.

Transporte do colesterol

O transporte do colesterol é feito por lipoproteínas plasmáticas. A primeira lipoproteína a ser comentada é o quilomícron, que irá transportar os lipídios que foram absorvidos no intestino para os outros tecidos, onde o ácido graxo liberado a partir da lípase lipoprotéica será consumido ou armazenado. O quilomicron é formada pela apo C II que ira ativar a lípase lipoproteíca. O quilomicron remanescente irá pra o fígado. Quando há o excesso de ácido graxo absorvidos pela dieta estes estarão na forma de tricilglicerol no fígado e serão transportados para os tecidos periféricos pela lipoproteína VLDL. Além de triacilglicerol as VLDLs também irão transportar colesterol, éster de colesterol e fosofoliídios. À medida que a VLDL libera triacilglicerol será chamada de IDL e após liberar mais triacilglicerol formará a LDL. A LDL é uma lipoproteína rica em colesterol e irá fazer o transporte desse para os outros tecidos. Nas células há receptores para o LDL que será endocitado e o colesterol liberado nas células. Quando há muito colesterol dentro da célula os receptores de LDL diminuem. Já a HDL irá fazer o transporte reverso do colesterol, ou seja dos outros tecidos para o fígado. Quando sintetizado no fígado e no intestino delgado essa lipoproteína é pobre em colesterol e rica em proteínas sendo chamada de HDL nascente, após captar o colesterol e se tornar uma molécula rica em colesterol, que pode ser levada para o fígado é chamada de HDL madura.

Referências:
  • CHAMPE, Pamela; HARVEY, Richard; FERRIER, Denise. Bioquímica Ilustrada.
  • MARZZOCO, Anita; BAYARDO, Baptista Torres. Bioquímica Básica.
  • LEHNINGER,Princípios de Bioquímica.
  • BRANDÃO, Andréa A.; MAGALHÃES, Maria E.C.; et al. Prevenção da doença cardiovascular: a aterosclerose se inicia na infância? Revista da SOCERJ (2004)
  • Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vol 17, n 1, pp 37-44JORGE, Paulo A. R. Endotélio, Lípides e Aterosclerose Arquivo Brasileiro de Cardiologia (1997)Universidade de Campinas, São Paulo, vol 68, n 2, pp 129-134
  • SPOSITO, Andrei C. et al. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2007, vol.88, suppl.1, pp. 2-19. ISSN 0066-782X


Ada Bento e Natália Araújo

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